Resíduos sólidos e seus impactos: entrevista com Gelma Reis

Resíduos sólidos e seus impactos: entrevista com Gelma Reis

Resíduos sólidos e seus impactos: entrevista com Gelma Reis

A preocupação com os resíduos sólidos vem sendo discutida há algum tempo nas esferas nacionais e internacionais, devido ao crescimento expansivo da consciência coletiva com relação ao meio ambiente. Assim, a complexidade das atuais demandas ambientais, sociais e econômicas induz a um novo posicionamento do governo, da sociedade e da iniciativa privada.
Hoje, o Responsável Técnico da Ética Ambiental na execução de projetos de gestão, implantação, manutenção e operação de sistemas de tratamento e reuso de água, Gelma Reis*, nos esclarece algumas questões em relação aos resíduos sólidos e seus impactos no meio ambiente. Confira!

Resíduos sólidos e seus impactos, por Gelma Reis

Gelma Reis fala sobre os resíduos sólidos
Ética Ambiental: Qual a sua opinião sobre a dimensão dos impactos dos resíduos sólidos em relação ao funcionamento dos ecossistemas? Esses impactos podem ser revertidos a curto ou longo prazo?

Gelma: Em função do longo tempo requerido para decomposição dos resíduos, os impactos ao meio ambiente são muito significativos no que tange, principalmente, a poluição das águas, com os diversos contaminantes que são carreados para o lençol freático. Contaminações já registradas afetaram comunidades inteiras impossibilitando a extração de água para consumo humano.
O impacto sócio/ambiental é outro fator preponderante nas grandes cidades. A coleta seletiva é feita de forma desordenada, favorecendo o envolvimento de diversas famílias na cadeia produtiva, já que são obrigadas a se submeterem como catadores junto a aterros sanitários para tirarem o seu sustento.
Para aqueles municípios que ainda possuem lixões, o trabalho necessário à recuperação é árduo, porém, é importante cessar o processo de disposição incorreta dos resíduos de imediato e posteriormente, através de projetos de remediação e compensação ambiental, promover a recuperação das áreas e lençóis freáticos contaminados.
Toda a experiência mostra que a curto prazo se faz “obras”, mas a mudança de pensamento e comportamento dos nossos dirigentes e da população em geral requer muito mais tempo ou talvez gerações.

Ética Ambiental: Sabemos que o descarte incorreto de resíduos sólidos pode trazer consequências graves, de uma maneira geral, para a população. Diante deste fato, você percebe uma mudança de consciência entre os empresários no que tange o descarte de resíduos sólidos?

Gelma: As restrições ambientais aumentam a cada dia. Seja por força de Leis, consciência ambiental dos consumidores e empresas que entendem que o marketing ambiental é uma excelente ferramenta nos dias de hoje, face à grave crise que vivemos no Brasil.
Existem sim as empresas que têm o seu crescimento pautado na sustentabilidade, com controle muito rigoroso das questões ambientais, em especial no que tange aos resíduos sólidos, e existem aquelas que apenas cumprem de forma “inescrupulosa” a legislação. Contratam serviços duvidosos, não acompanham a cadeia de processamento dos resíduos e sequer sabem se a destinação é feita de forma correta.
Nós, da Ética Ambiental, responsáveis pela gestão de resíduos e efluentes de algumas empresas, nos responsabilizamos por toda a cadeia de gerenciamento, desde as informações reportadas ao órgão ambiental até a verificação da veracidade das informações repassadas pelos fornecedores diretos e indiretos.

Ética Ambiental: Qual a importância da consultoria ambiental para a infraestrutura de destinação correta de resíduos sólidos?

Gelma: “Focar no seu carro chefe”. Essa expressão define bem as responsabilidades de cada grupo em sua cadeia produtiva. Manter equipes multidisciplinares internamente é muito custoso para as empresas. Com a implantação de sistemas de gestão eficientes, se torna possível a redução de mão de obra efetiva envolvida no processo e aí entra a Consultoria. Ela possibilita maior rendimento nos processos internos e externos de interface com fornecedores e órgão reguladores.
A junção de forças através de uma parceria (empresa/indústria x Consultoria) cria a infraestrutura necessária para a correta gestão dos resíduos sólidos.

Ética Ambiental: Como você avalia a atuação governamental sobre o descarte correto dos resíduos sólidos? Acredita que parcerias público-privadas poderiam contribuir para avanços significativos do setor, especialmente no Rio de Janeiro?

Gelma: A esse questionamento vamos até o resíduo sólido urbano (RSU). A política adotada pelo Governo do Estado desde 2010, através do programa LIXÃO ZERO, anterior à Lei de Resíduos Sólidos possibilitou, através da criação de convênios entre municípios menores, a universalização no Estado da correta destinação final dos RSU. No entanto, a própria capital se vê refém da ineficiência na cadeia de coleta e acessos, impossibilitando o atendimento integral à sua população. O programa foi abortado face à crise econômica e hoje é observado um descontrole nos aterros implantados, salvo aqueles operados por empresa privadas. Além disso, os Municípios alegam falta de recursos para cumprirem com os compromissos estabelecidos.
No atual cenário macro econômico do Estado do Rio de Janeiro fica difícil propor ação para melhorar a situação. A integração de novas tecnologias tem possibilitado mundo a fora e, inclusive, já no Brasil a atração de grandes grupos investidores do setor de energia a olhar para o mercado de RSU como uma excelente oportunidade de negócio. Uma mudança efetiva nas políticas públicas, com seriedade e responsabilidade, atrairá cada vez mais investidores. A flexibilização da legislação para o setor de geração, distribuição e comercialização de energia alternativa deve ser melhorada. Sair à frente nessas tomadas de decisão propiciará ao Estado do Rio de Janeiro ganhos significativos quanto à Gestão efetiva do RSU em seus municípios.

Imagem ilustrativa oficial do programa:

saiba a relação entre o lixão zero e os resíduos sólidos
Ética Ambiental: Na sua opinião, em que os projetos de sustentabilidade ambiental podem contribuir para a diminuição de resíduos sólidos no meio ambiente?

Gelma: Os projetos de sustentabilidade são pautados em: redução na fonte de geração dos resíduos, reciclagem e reaproveitamento da geração inevitável. Diante disso, os números mostram a redução efetiva no consumo de determinadas matérias-primas, ou seja, menos processamento de matérias-primas, por consequência, menor quantidade de resíduos sendo gerado.
Somente a partir dos projetos de sustentabilidade ambiental que levam a uma maior conscientização sobre o tema (RSU), sejam eles em nível público, privado ou até mesmo em nossas casas, conseguiremos atingir as metas já estabelecidas pelo nosso Planeta Terra. Infelizmente, cabe ao homem legislar e definir os parâmetros de consumo e emissão dos resíduos poluentes, mas o nosso planeta vem dando sinais e aqueles que fecharam os olhos no passado já estão pagando a conta.
A população Brasileira não pode mais esperar dos seus governantes mudanças de postura. Sendo a consciência ambiental estabelecida na base da sociedade já teremos ganhos formidáveis em não fazer chegar os RSU até as galerias de águas, pluviais, rios e lagoas das nossas cidades.

* Gelma Reis é Engenheiro Químico de Formação pela UFRRJ com Mestrado em Engenharia Química pela PEQ/COPPE/UFRJ com ênfase em Tecnologia Ambiental. Trabalhou durante 3 anos na FEEMA atual INEA – Instituto Estadual do Ambiente como analista de processos cuidando de licenciamento ambiental voltados para saneamento básico. Hoje, como responsável técnico da Ética Ambiental, desenvolve projetos para água potável, Tratamento de efluentes industriais, Chorume de Aterros Sanitários, esgoto sanitários e águas pluviais.

 

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